D. Carlos I

Trabalho realizado pelo aluno Hugo Roque do 11.º G, com a orientação do prof. José João Sousa, no âmbito da disciplina de História A – Módulo 6 – Unidade 4.

D. Carlos I (1863-1908)

D. Carlos I foi o penúltimo rei de Portugal. Nascido em 1863, em Lisboa, era filho do rei D. Luís I e da princesa Maria Pia de Sabóia. Príncipe herdeiro da coroa, obteve desde cedo os títulos oficiais de Príncipe Real de Portugal e Duque de Bragança. Sendo ainda príncipe herdeiro casou em Lisboa, a 22 de Maio de 1886, com a princesa Maria Amélia Luísa Helena de Orléans, filha de Luís Filipe Alberto, conde de Paris, e neta de Luís Filipe, rei de França.

Face à morte do seu pai, D. Carlos subiu ao trono em 19 de Outubro de 1889 e foi aclamado rei de Portugal em 28 de Dezembro de 1889.

O período em que reinou não foi considerado áureo. D. Carlos aparentava uma dotada inteligência, mas com tendência a extravagâncias, pelo que se sucederam crises políticas e o descontentamento da população. Mal começou a governar, o Reino Unido entregou a Portugal o Ultimato britânico de 1890, que intimava Portugal (movido pelo desejo expansionista, materializado no “Mapa Cor-de-Rosa”) a desocupar os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique, num curto espaço de tempo, caso contrário seria declarada a guerra entre os dois países. Como Portugal se encontrava na bancarrota, tal confronto com os Britânicos foi impossível e assim se perderam importantes áreas territoriais. A propaganda republicana aproveitou o momento de grande emoção nacional (para muitos uma verdadeira humilhação!) para responsabilizar a Coroa pelos desaires no Ultramar. Estalou então a revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, que apesar de sufocada mostrou que as ideias republicanas avançavam com alguma intensidade nos tecidos operários e urbanos.

As crises que sucederam no reinado de D. Carlos I deveram-se ao envelhecimento do sistema político-partidário conhecido como Rotativismo, pelo qual os dois principais partidos, o Partido Regenerador e o Partido Progressista, alternavam no poder. O Rotativismo sempre prezou em garantir uma maioria no Parlamento, na época das eleições. Isto significava que o rei era o único garante da rotatividade, logo esperava-se que chamasse os membros do partido da oposição para governar, devido ao não funcionamento do governo anterior.

Apesar disto, o sistema rotativista, de inspiração britânica, teve o seu período áureo entre 1878 e 1890, dando ao país a estabilidade que lhe faltara nas décadas anteriores. Mas não duraria para sempre. Logo em 1890 começou a fraquejar, face às crises financeiras, provocadas pelo investimento nas obras públicas realizadas durante o Fontismo e pelo investimento militar levado a cabo em África para cumprir o princípio da ocupação efectiva decidido na Conferência de Berlim, em 1889, e, para piorar esta situação, sucediam os escândalos financeiros.

A vivenciar esta situação, o rei chama para formar governo o regenerador liberal João Franco, apoiado pelos progressistas, com quem fez um governo de coligação (a concentração liberal).

João Franco apostou na implantação de reformas, apresentando ao Parlamento as da contabilidade pública, da responsabilidade ministerial, da liberdade de imprensa e da repressão anarquista. Após isto, os progressistas retiram o seu apoio e demitem-se, assustados pelo fortalecimento do partido de João Franco. D. Carlos suporta firmemente João Franco, dissolvendo o Parlamento, ao contrário do que se esperava. O rei continuava a seguir a letra da Lei, pois fazia parte das suas funções, contudo ia contra o espírito da Lei, como assim viam os políticos, assustados pela ameaça ao seu monopólio político. A oposição lançou uma campanha anti-governo, em que envolveu o próprio rei, alegando que se estava numa ditadura administrativa.

Apesar da oposição, o partido regenerador-liberal de João Franco cria os compromissos necessários com os círculos eleitorais, para que se atinja a esperada maioria. Marcam-se eleições para o Parlamento, o que vai pôr fim à ditadura administrativa. É neste contexto de regresso a uma normalidade e estabilidade parlamentares, que republicanos e dissidentes progressistas decidem agir pela força, levando a cabo uma tentativa de golpe de Estado (28 de Janeiro de 1908). 

Após a tentativa de golpe de Estado, João Franco decreta um documento que prevê o exílio para o estrangeiro, sem julgamento, de todos os que fossem pronunciados em tribunal por atentado à ordem pública, o que se aplicaria aos revoltosos republicanos. O rei assinou o decreto e conta-se que, ao assiná-lo, declarou: “Assino a minha sentença de morte, mas os senhores assim o quiseram.”

A 1 de Fevereiro de 1908, a família real regressou a Lisboa depois de uma temporada no Palácio Ducal de Vila Viçosa. Viajaram de comboio até ao Barreiro, onde apanharam um “vapor” para o Terreiro do Paço. Esperavam-nos o governo e vários dignitários da corte. Após os cumprimentos, a família real subiu para uma carruagem aberta em direcção ao Palácio das Necessidades. A carruagem com a família real atravessou o Terreiro do Paço, onde foi atingida por disparos vindos da multidão que se juntara para saudar o rei. D. Carlos morreu imediatamente, o príncipe herdeiro D. Luís Filipe foi ferido mortalmente e o infante D. Manuel ferido num braço. Os autores do atentado foram Alfredo Costa e Manuel Buíça, embora avaliações recentes das evidências balísticas sugiram a existência de mais regicidas desconhecidos.

Os assassinos foram mortos no local por membros da guarda real e reconhecidos posteriormente como membros do movimento republicano. A sua morte indignou toda a Europa, especialmente a Inglaterra, onde o rei Eduardo VII lamentou veementemente a impunidade dos chefes do atentado.

À parte do seu dever real e devoção política, D. Carlos apreciava as tecnologias modernas. Instalou luz eléctrica no Palácio das Necessidades e fez planos para a electrificação das ruas de Lisboa.

As artes eram igualmente importantes para ele: foi um amante da fotografia, um pintor talentoso, com preferência por aguarelas de pássaros, o que se reflectia na paixão pela ornitologia, tal como pela oceanografia. Foi através desta paixão que criou amizade com o Príncipe do Mónaco e fundou o Aquário Vasco da Gama, em Lisboa.

D. Carlos I tinha interesses humildes, adorava a agricultura, pelo que tornou rentáveis as seculares propriedades da Casa de Bragança. Jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

Bibliografia:

–  AMARAL, Manuel. Carlos I (D.) 32.° rei de Portugal – Portugal – Dicionário Histórico [em linha]. s/d. Disponível em: http://www.arqnet.pt/dicionario/carlos1rei.html. [Acedido em 31/05/2011].

– Carlos I de Portugal [em linha]. 29/05/2011. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/D._Carlos_I. [Acedido em 31/05/2011].

Uma resposta a D. Carlos I

  1. Isabel Salavessa diz:

    Bom resumo. Podia fazer parte de uma página no facebook sobre o D. Carlos I, porque o que se encontra por lá sobre este Rei é muito pobre. Bastava acrescentar ao texto, umas fotos ( por exemplo, relacionadas com o seu trabalho científico de Oceanografia, e algumas das suas pinturas). Dado que estamos também num período financeiro difícil, poderia ser um tema interessante para discussão no facebook.

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