Patuleia

Trabalho realizado pela aluna Beatriz Vieira do 11.º G, com a orientação do prof. José João Sousa, no âmbito da disciplina de História A – Módulo 5 – Unidade 4.

Patuleia é o nome pelo qual se designa a guerra civil, entre Outubro de 1846 e Junho de 1847, travada entre Cartistas, defensores da Carta Constitucional de 1826, e Setembristas, apoiantes da Constituição de 1838, logo após a revolta da Maria da Fonte.  Foi desencadeada pela nomeação, depois do golpe palaciano de 6 de Outubro de 1846, a que se dá o nome de “Emboscada”, de um governo cartista que tinha como presidente o marechal João Oliveira e Daun, duque de Saldanha. Para alguns autores, o nome “Patuleia” deriva de pata ao léu (pé descalço); para outros, é um termo espanhol que significa “soldadesca sem disciplina”.

Com esta guerra civil, Portugal toma assim um novo rumo político, os oficiais que tinham sido afastados são reintegrados, as cortes e os jornais são suspensos e a rainha toma plenos poderes. A rainha D. Maria II justifica a sua atitude, numa proclamação dirigida ao país, com a necessidade de “salvar” a Carta Constitucional de 1826, outorgada pelo seu pai, D. Pedro IV.

A oposição setembrista estava politicamente mobilizada devido às eleições que se aproximavam. Então reagiu, defendendo a deposição da rainha e a proclamação da República entre os mais extremistas. O duque da Terceira foi enviado para o Porto com o intuito de ser “lugar-tenente” da rainha, uma vez que a cidade era um grande centro de oposição. Esperava-se então que o duque evitasse qualquer sublevação, visto que era uma das figuras mais respeitáveis e defensoras da causa liberal.

Quando José da Silva Passos (mais conhecido por Passos José), prestigiado liberal portuense, tomou conhecimento de que era o duque da Terceira que se encontrava no poder, fez os sinos tocarem e mobilizou a população, conseguindo a adesão da Guarda Municipal, do Regimento de Infantaria n.º 6 e do Regimento de Artilharia n.º 3, entre outros. Enquanto a cidade do Porto se revoltava cada vez mais, Passos José acompanhou o duque da Terceira ao Castelo de São João da Foz, lugar onde permaneceu preso até ao fim da guerra. Foi nomeada então, na Câmara Municipal, uma Junta Provisória do Governo Supremo do Reino, presidida pelo 1.º conde das Antas, num acto semelhante ao dos Vintistas em Agosto de 1820.

Tropas aplicam vergastadas a um popular durante a Patuleia.

A rebelião aumentava um pouco por todo o país e, em poucos dias, os Setembristas estavam de armas apontadas contra a traição da Corte. A campanha militar iniciou-se com o avanço das forças revolucionárias sobre a cidade de Lisboa, acção que Saldanha travou em Torres Vedras. Entretanto, assistiu-se de novo a uma agitação popular e ao renascer da causa miguelista, chegando mesmo a proclamar-se, em apenas alguns lugares, a monarquia absoluta. Foi então que James Macdonell (general britânico) tomou o comando das tropas miguelistas.

No Porto, os chefes setembristas expuseram a hipótese de uma aliança com os absolutistas, chegando mesmo a correr rumores de que D. Miguel estaria a caminho de Portugal e que os revoltosos o aceitariam como rei constitucional. Isto bastou para que o Governo de Lisboa pedisse a intervenção de Espanha, ao abrigo da Quádrupla Aliança de 1834, constituída pela Inglaterra, França, Espanha e Portugal. A Inglaterra opôs-se à intervenção espanhola e dispôs-se a enviar uma esquadra para proteger a rainha D. Maria II. Entretanto, uma expedição naval levou uma divisão patuleia para o Algarve, de onde seguiria para Lisboa. Esta divisão chegou a Setúbal, onde se manteve sem nenhuma oposição.

A fome em Lisboa e a atmosfera de pânico por todo o reino aumentavam de dia para dia. A rainha e o marido, D. Fernando II, pediram uma intervenção inglesa e, assim, as tropas inglesas aprisionaram a armada rebelde, quando esta partia para Lisboa com cerca de dois mil homens. Simultaneamente, duas divisões espanholas entraram pelo norte do país, ocupando a cidade do Porto. Com a falta de um acordo político, a intervenção estrangeira ditou os termos da Convenção de Gramido, que se deu a 29 de Junho de 1847, acto que terminou com os oito meses de guerra civil que se viveram em Portugal.

Bibliografia:

Patuleia [em linha]. Disponível em: http://www.infopedia.pt/$patuleia. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Acedido em 28/02/2011].

Patuleia [em linha]. 26/12/2010. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Patuleia. [Acedido em 28/02/2011].

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